Mesmo estando o mar bravo não hesitei...
Precisava de estar perto.
A revolta era partilhada.
A culpa de não ter ido à luta tornou-se como uma faca aguçada que atormenta constantemente.Esse tormento angustia mais do que se estivesse dentro deste mar tentando resgatar a minha própria vida.
A tentativa absurda de perceber o porque da timidez, do receio de dar o passo; do medo de ser feliz...
Sigo em frente. Só...
O mar abraca-me, tentando de uma forma gélida confortar-me; tentando de alguma forma superar o abraço que não prendi.
Sinto um aperto. Afogo-me na angústia de não poder mais ver-te; sentir o teu toque; o teu cheiro.Avanço. "Quem ama não corre atrás. Vai ao encontro".
Recordo cada gesto, palavra, olhar. Ah o teu olhar!Relutei contra esse olhar que me despia de toda a vergonha; que me prendeu desde o primeiro instante.Olhos que nunca confessei serem o íman que me levaram a ti.
Paro. Fecho os olhos com força pois há uma lágrima teimosa que pede para se libertar.
Não posso chorar! Não quero chorar! Não vale a pena chorar sobre o leite derramado!
De repente o som bravo do mar serena. Vou ficar sozinha envolta neste tormento.Há um aroma diferente no ar...Apesar de fechar os olhos com toda a revolta que tenho contra mim mesma, perco a batalha contra a lágrima.Ela percorre o meu rosto lentamente. Quando está prestes a cair do rosto, sinto um roçar na minha face...
O mesmo roçar que pedia carinhosamente um beijo.
Prefiro não abrir os olhos, enquanto não me convencer que não és tu. Que é apenas o vento que tenta, com muito esforço; assumir o teu papel...